Crédito: @WSL / Daniel Smorigo
A etapa brasileira da WSL fez história. Nesta segunda-feira, escreveu mais dois feitos inéditos, com seis brasileiros entre os oito classificados para as quartas de final e formando duas semifinais 100% verde-amarelas na Praia de Itaúna. A primeira será entre Italo Ferreira e Samuel Pupo. Na outra, Filipe Toledo já garantido no Rip Curl WSL Finals, enfrenta Yago Dora na disputa pela segunda vaga na grande final.
A primeira chamada para as semifinais masculinas e femininas, foi marcada para as 7h15 da terça-feira na Capital Nacional do Surf. Depois de dois “day-off” seguidos no fim de semana, a segunda-feira amanheceu com boas ondas na Praia de Itaúna lotada mais uma vez, para torcer para os brasileiros.
A primeira vaga no grupo dos top-5 do ranking, que vai disputar o título mundial da temporada no Rip Curl WSL Finals, em setembro em Trestles, na Califórnia, foi confirmada para Filipe Toledo, quando Yago Dora despachou o australiano Ethan Ewing. Essa vitória do Yago também garantiu um feito histórico no Circuito Mundial, o de pela primeira vez seis brasileiros se classificarem para as quartas de final em uma mesma etapa do WSL Championship Tour.
As duas primeiras baterias ficaram 100% verde-amarelas. A primeira foi entre dois grandes amigos da nova geração, Mateus Herdy que barrou o vice-líder do ranking, Jack Robinson, e Samuel Pupo que fez um novo recorde de 17,00 pontos no primeiro duelo brasileiro do dia, com o nota 10 Caio Ibelli. Samuca também surfou as melhores ondas contra Mateus Herdy e ganhou a primeira vaga nas semifinais por 12,80 a 8,83 pontos.
“Foi muito especial surfar essa bateria com um dos meus melhores amigos, o Mateus Herdy”, disse Samuel Pupo. “Ele ainda não está no CT, mas sei que vai conseguir entrar um dia. Fazia um tempo já que a gente não competia numa bateria assim e foi bem divertido. Agora já fico nervoso na expectativa para saber se o Miguel (Pupo) vai passar também. É sempre bom surfar no CT, mas em frente de uma torcida como essa, tudo fica bem mais emocionante”.
A expectativa ficou para ver se aconteceria uma semifinal dos irmãos Pupo, porque Miguel também dominou o confronto com o norte-americano Nat Young. Antes, o campeão olímpico, Italo Ferreira, venceu a outra bateria brasileira das oitavas de final com Michael Rodrigues. Italo e Miguel fizeram um grande duelo para a torcida que lotou a Praia de Itaúna e vibrava intensamente a cada onda surfada. Miguel Pupo liderou quase toda a bateria, com a nota 7,67 da esquerda que ele destruiu do início ao fim.
BATERIA EMPATADA
Quando restavam 3 minutos para o término, Italo pegou uma direita precisando de 8,17 para reverter o resultado. Ele já manda um aéreo full rotation de backside, que levanta a torcida na areia, aterrissa perfeito na base e emenda uma rasgada e um pancadão na junção pra finalizar. A nota sai exatamente 8,17 e o placar ficou empatado em 13,34 pontos, com Italo Ferreira avançando por possuir a maior nota da bateria.
“Foi uma bateria bem disputada com o Miguel (Pupo). A gente sempre faz boas baterias, mas essa foi uma das mais difíceis para mim”, disse Italo Ferreira. “Eu tentei pegar as direitas para arriscar uma manobra mais radical e fiquei feliz quando acertei aquele aéreo. Estou contente por passar para as semifinais, mas estou com muito frio agora. Não gosto de surfar com roupa de borracha, então acabo pagando o preço. Mas, fiz meu trabalho bem feito hoje e estou pronto para o dia das finais”.
BRASIL 2 X 0 AUSTRÁLIA
As outras baterias das quartas de final foram dois confrontos diretos entre Brasil e Austrália. Mas, os brasileiros não deram qualquer chance para os australianos e ganharam por 2 x 0. Filipe Toledo mostrou toda a potência do seu backside nas esquerdas de Itaúna, variando batidas e rasgadas abrindo grandes leques de água com uma velocidade incrível. Ele recebeu nota 8,60 na sua melhor onda, vencendo fácil por 15,10 a 8,94 pontos do australiano Connor O´Leary.
“Eu amo muito tudo isso, especialmente um dia terminando com uma vitória assim”, disse Filipe Toledo. “Foi um dia longo e é preciso se manter calmo, porque é muito fácil você perder o foco com tantas coisas acontecendo ao redor. Estou feliz por já ter conseguido minha vaga para o Rip Curl WSL Finals e também porque os brasileiros estão mandando muito bem nesse evento. A energia da torcida aqui não tem igual, eu faço meu trabalho por eles e não tem nada melhor do que receber o carinho deles antes de entrar na água e depois também”.
Na última bateria do dia, com a Praia de Itaúna ainda lotada até quase o pôr do Sol sempre mágico em Saquarema, Yago Dora deu mais um show para a torcida. Ele tinha derrotado o top-5 do ranking, Ethan Ewing, por uma pequena diferença de 14,10 a 14,00 pontos. Contra Callum Robson, Yago colecionou notas 7 de novo com seu ataque de frontside nas esquerdas de Itaúna, garantindo a última vaga nas semifinais por uma larga vantagem de 14,17 a 7,00 pontos.
“Eu adoro essa onda, mas sinto que ainda não consegui mostrar todo o meu surfe”, disse Yago Dora. “Acho que não entrei em sintonia ainda com as séries e meus adversários estão pegando as melhores ondas nas baterias. Mas, estou feliz por chegar no dia das finais. É uma loucura ter só brasileiros nas semifinais. Isso é muito legal, porque já garante um título brasileiro no evento”.
Esta é apenas a segunda vez que Yago Dora chega nas semifinais em etapas do CT. A única tinha sido também nas ondas da Praia de Itaúna em 2017, quando foi convidado para participar da competição e só perdeu para o campeão daquele ano, Adriano de Souza. Agora, vai voltar a enfrentar Filipe Toledo, para quem perdeu nas duas etapas que competiu esse ano, em G-Land na Indonésia e em El Salvador. Aliás, ele nunca conseguiu vencer Filipe Toledo nas oito baterias que já disputaram em etapas do CT.
BRASIL NO FEMININO
O Brasil também está na briga pelo título feminino com Tatiana Weston-Webb. Ela vai enfrentar a pentacampeã mundial Carissa Moore na segunda semifinal. As duas decidiram o título mundial de 2021 na estreia do Rip Curl WSL Finals no ano passado e já se encontraram em duas semifinais esse ano. Tatiana ganhou a de Portugal, na etapa que foi campeã, mas Carissa a derrotou na Indonésia. Apenas uma surfista venceu a etapa brasileira em casa e já faz tempo, Andréa Lopes em 1999 na Barra da Tijuca.
OI RIO PRO APRESENTADO POR CORONA EM SAQUAREMA:
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 40.000 e 6.085 pontos:
1.a: Italo Ferreira (BRA) x Samuel Pupo (BRA)
2.a: Filipe Toledo (BRA) x Yago Dora (BRA)
SEMIFINAIS – 3.o lugar com US$ 40.000 e 6.085 pontos:
1.a: Johanne Defay (FRA) x Gabriela Bryan (HAV)
2.a: Carissa Moore (HAV) x Tatiana Weston-Webb (BRA)
RESULTADOS DA SEGUNDA-FEIRA NA PRAIA DE ITAÚNA:
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com US$ 20.000 e 4.745 pontos:
1.a: Samuel Pupo (BRA) 12,80 x 8,83 Mateus Herdy (BRA)
2.a: Italo Ferreira (BRA) 13,34 x 13,34 Miguel Pupo (BRA)
3.a: Filipe Toledo (BRA) 15,10 x 8,94 Connor O´Leary (AUS)
4.a: Yago Dora (BRA) 14,17 x 7,00 Callum Robson (AUS)
OITAVAS DE FINAL – 9.o lugar com US$ 13.500 e 3.320 pontos:
1.a: Mateus Herdy (BRA) 11,74 x 11,67 Jack Robinson (AUS)
2.a: Samuel Pupo (BRA) 17,00 x 8,50 Caio Ibelli (BRA)
3.a: Italo Ferreira (BRA) 14,17 x 8,10 Michael Rodrigues (BRA)
4.a: Miguel Pupo (BRA) 15,00 x 9,94 Nat Young (EUA)
5.a: Filipe Toledo (BRA) 13,56 x 9,44 Miguel Tudela (PER)
6.a: Connor O`Leary (AUS) 15,94 x 12,44 Matthew McGillivray (AFR)
7.a: Yago Dora (BRA) 14,10 x 14,00 Ethan Ewing (AUS)
8.a: Callum Robson (AUS) 13,40 x 13,17 Jackson Baker (AUS)
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