Brasil estreia com seis vitórias em Saquarema
Crédito: Daniel Smorigo / World Surf League
A torcida brasileira estava ansiosa para rever os melhores surfistas do mundo e encheu a praia no primeiro dia do Rio Pro em Saquarema. Filipe Toledo, Italo Ferreira, Miguel Pupo, Yago Dora, Michael Rodrigues e Tatiana Weston-Webb, venceram suas primeiras baterias nas boas ondas de 4-6 pés da quinta-feira na Praia de Itaúna. Já Gabriel Medina e os outros cinco participantes do Brasil, assim como os dois do Peru, perderam e vão disputar a repescagem, que ficou para abrir a sexta-feira, com a primeira chamada às 7h00 em Saquarema.
O grande público que foi a Praia de Itaúna no primeiro dia, já conheceu a maior arena de um campeonato de surfe já construída em etapas do World Surf League Championship Tour. São mais de 3.100 m2 com a parte técnica, um grande espaço para os atletas com vestiários, sala de massagens e um segundo andar para eles verem melhor as ondas, áreas vips para convidados, centro de imprensa, loja da WSL e o “Sponsor Village” com estandes e lojas dos mais de vinte patrocinadores. Outra atração é a passarela para os surfistas irem da arena para o mar.
A etapa brasileira não acontecia na Capital Nacional do Surf desde 2019, pois teve que ser cancelada em 2020 e em 2021 por causa da pandemia. O retorno ficará marcado na história com a megaestrutura construída na Praia de Itaúna. As mulheres foram as primeiras a voltar a sentir o calor da sempre vibrante torcida brasileira. A competição se iniciou pela categoria feminina e Tatiana Weston-Webb conquistou a primeira das seis vitórias verde-amarelas na quinta-feira em Saquarema.
A única participante do Brasil estreou na segunda bateria do dia e aproveitou muito bem a primeira onda que surfou, acertando as manobras para ganhar 6,67 dos juízes. Foi a maior nota da bateria e Tatiana avançou direto para as quartas de final somando 10,77 pontos. A pentacampeã mundial Carissa Moore não achou nada de ondas e ficou em último, atrás ainda da convidada Sol Aguirre, segunda colocada com notas 5,50 e 4,40. A jovem peruana vai enfrentar a havaiana novamente, na primeira eliminatória da repescagem.
“Estou muito feliz por estar competindo aqui de novo. Eu peguei uma esquerda boa no início da bateria e depois só tentei me manter na frente. Eu tinha uma estratégia e deu tudo certo”, disse Tatiana Weston-Webb. “Estou bem feliz por estar de volta ao Brasil, a vibração da torcida aqui é incrível. E a estrutura está gigante! Quando entrei aqui, parecia como num torneio mundial de tênis. O surfe está chegando num novo patamar e fico orgulhosa em fazer parte de tudo isso”.
Depois das quatro baterias da primeira fase feminina, todas vencidas pelas surfistas que estavam mais abaixo no ranking, Tatiana Weston-Webb em nono lugar, Gabriela Bryan em décimo, Sally Fitzgibbons em 11.o e Caroline Marks em 12.o, começou a rodada de apresentação dos melhores do mundo na Praia de Itaúna. O campeão olímpico, Italo Ferreira, foi o primeiro grande astro a atravessar a passarela saindo da arena até o mar com os gritos da torcida, “Italo, Italo, Italo”.
E ele não decepcionou o grande público que encheu a Praia de Itaúna, desde as primeiras horas da manhã. Era a primeira vez que Italo competia no Brasil, depois da medalha de ouro na estreia do surfe nas Olimpíadas e ele achou boas esquerdas e direitas para mostrar o seu surfe de backside e frontside. A melhor valeu 7,50, que definiu a vitória e a primeira vaga direta para as oitavas de final. O potiguar totalizou 12,60 pontos, contra 9,00 do sul-africano Matthew McGillivray e 6,30 do representante de Saquarema, João Chianca. Chumbinho e Matthew terão outra chance de classificação na repescagem.
“Nós temos os melhores fãs do mundo e estou feliz por ter passado a bateria”, disse Italo Ferreira, que competiu com o nome de Mano Ziul na sua lycra homenageando o mago da computação no surfe, que criou o sistema de notas utilizado até hoje, a transmissão ao vivo no início da internet e tantas outras inovações. Mano Ziul faleceu na semana passada e sua esposa e o filho, Sandra Andueza e Ziulzinho, receberam e abraçaram Italo Ferreira em sua volta a arena.
“Foi um momento muito emocionante. Eu era muito amigo dele (Mano Ziul) e da família, ele era uma pessoa incrível e tenho grandes memórias com ele”, disse Italo. “Eu sei que todo mundo da WSL ama ele e ele era um pioneiro. Lembro de uma vez, que nós fomos passear para um aquário na França. Ele trabalhava muito e estávamos num lugar escuro dos tubarões, trocando uma ideia, quando rolou um silêncio. Aí olhei pro lado, o Mano Ziul tava dormindo (risos)”.
Dentro d´água, deu Brasil também na segunda bateria, com os aéreos e as manobras do cearense Michael Rodrigues mandando dois norte-americanos para a repescagem. Um deles foi Griffin Colapinto, campeão da etapa passada em El Salvador, na final contra Filipe Toledo. A vitória de Michael também foi por pouco, 12,33 a 12,27 pontos.
Após duas vitórias, veio uma derrota dupla do Brasil. O vice-líder do ranking, Jack Robinson, acertou os aéreos nas direitas de Itaúna e derrotou dois grandes talentos da nova geração brasileira, Mateus Herdy e Samuel Pupo. A nota 8,17 do melhor aéreo do australiano, já foi igualado por Filipe Toledo no confronto seguinte. O vice-campeão mundial e líder do ranking 2022, não perde uma bateria em Saquarema desde 2018, quando conquistou o primeiro título do bicampeonato consecutivo nas duas últimas edições do Oi Rio Pro.
Filipe está vestindo a lycra amarela de número 1 da World Surf League pela quarta etapa consecutiva. Com a passagem para as oitavas de final, apenas Jack Robinson pode lhe tirar a primeira posição no Brasil. Além de igualar a nota 8,17 do australiano, Filipe Toledo estreou fazendo o recorde de pontos com 13,77 pontos. O norte-americano Nat Young ficou em segundo com 11,00, contra 9,23 do peruano Miguel Tudela.
“Essa energia aqui do Brasil não tem em lugar nenhum, então é muito bom poder estar de volta. Está sendo muito legar ver essa vibração e por estar com meus amigos, minha família, então to amarradão”, disse Filipe Toledo, na zona mista de entrevistas. “A gente tenta começar com o pé direito, arriscando tudo pra começar a bateria com uma nota boa e foi o que eu tentei fazer. As coisas para mim acontecem naturalmente. Eu vou uma bateria de cada vez, um dia de cada vez, curtindo cada momento e acho que isso acaba refletindo dentro d´água”.
Ninguém conseguiu uma nota maior do que a 8,17 do defensor do título, Filipe Toledo. Mas, Yago Dora aumentou o seu recorde de pontos, de 13,77 para 13,90 no confronto seguinte. A última competição do Yago na Praia de Itaúna, ele foi campeão do Saquarema Surf Festival, em novembro do ano passado. Em seu retorno após este título, Yago Dora somou 7,13 com 6,77 para superar o japonês Kanoa Igarashi por 13,90 a 13,50 pontos e o americano Kolohe Andino ficou em terceiro com apenas 9,83 nas duas notas computadas.
Eu nem sabia se eu conseguiria participar de um evento do CT esse ano, porque ganhei um wildcard (convite) para o ano que vem. Só se alguém se machucasse”, disse Yago Dora, que estava se recuperando de contusão e não competiu na primeira metade da temporada, perdendo sua vaga na elite. Mas, a WSL lhe concedeu um wildcard para o CT 2023. “Eu recebi o convite para G-Land (com a contusão de Seth Moniz), depois para El Salvador também e agora estou aqui. Sem dúvidas, era o evento que eu mais queria competir. A torcida aqui explode quando você acerta um aéreo e isso dá uma motivação extra para surfar melhor”.
Logo após Filipe Toledo e Yago Dora fazerem os recordes, foi a vez de Gabriel Medina se apresentar pela primeira vez para a torcida brasileira, depois do tricampeonato mundial conquistado no ano passado. Mas, o mar já não estava tão bom e Medina não achou ondas com potencial, para dar o show para o público que ele gostaria. Connor O´Leary teve mais sorte e venceu por apenas 10,56 pontos, com outro australiano, Ethan Ewing, ficando em segundo com 7,47 e Medina em último com 6,40.
Mas, a quinta-feira terminou com mais uma vitória da seleção brasileira, até porque a bateria era 100% verde-amarela. Miguel Pupo achou boas ondas para registar a segunda maior somatória do dia, 13,83 pontos. Esta bateria foi especial para Jadson André, que foi homenageado pela organização com sua lycra tendo o número 100. Esta é a centésima etapa do CT que ele participa em 10 anos na divisão de elite.
BRASIL NA REPESCAGEM – Jadson André e Caio Ibelli perderam essa última bateria da quinta-feira para Miguel Pupo e voltarão a se enfrentar no segundo duelo eliminatório da repescagem. Agora, apenas o vencedor avança para as oitavas de final e quem perder termina em 17.o lugar O peruano Miguel Tudela disputa a primeira bateria com o californiano Griffin Colapinto. E a terceira será entre o japonês Kanoa Igarashi e o jovem catarinense Mateus Herdy.
Na quinta bateria, o surfista local de Saquarema, João Chianca, enfrenta o australiano Ethan Ewing. Na sexta, tem o seu grande amigo, Samuel Pupo, com o americano Kolohe Andino. E na sétima, o tricampeão mundial Gabriel Medina, contra o australiano Callum Robson. A repescagem vai abrir o segundo dia de competições com a próxima chamada anunciada para as 7h00 da sexta-feira na Praia de Itaúna.
RESULTADOS DA QUINTA-FEIRA NA PRAIA DE ITAÚNA:
PRIMEIRA FASE – 1.a=Quartas de Final / 2.a e 3.a=Segunda Fase:
1.a: 1-Gabriela Bryan (HAV)=11.07, 2-Lakey Peterson (EUA)=5.97, 3-Brisa Hennessy (CRI)=5.74
2.a: 1-Tatiana Weston-Webb (BRA)=10.77, 2-Sol Aguirre (PER)=9.90, 3-Carissa Moore (HAV)=1.80
3.a: 1-Caroline Marks (EUA)=10.67, 2-Johanne Defay (FRA)=7.77, 3-Courtney Conlogue (EUA)=3.33
4.a: 1-Sally Fitzgibbons (AUS)=8.24, 2-Isabella Nichols (AUS)=7.67, 3-Stephanie Gilmore (AUS)=6.70
PRIMEIRA FASE – 1.o=Oitavas de Final / 2.o e 3.o=Segunda Fase:
1.a: 1-Italo Ferreira (BRA)=12,60, 2-Matthew McGillivray (AFR)=9.00, 3-João Chianca (BRA)=6.30
2.a: 1-Michael Rodrigues (BRA)=12.33, 2-Griffin Colapinto (EUA)=12.27, 3-Jake Marshall (EUA)=7.24
3.a: 1-Jack Robinson (AUS)=13.67, 2-Mateus Herdy (BRA)=8.50, 3-Samuel Pupo (BRA)=7.50
4.a: 1-Filipe Toledo (BRA)=13.77, 2-Nat Young (EUA)=11.00, 3-Miguel Tudela (PER)=9.23
5.a: 1-Yago Dora (BRA)=13.90, 2-Kanoa Igarashi (JPN)=13.50, 3-Kolohe Andino (EUA)=9.83
6.a: 1-Connor O´Leary (AUS)=10.56, 2-Ethan Ewing (AUS)=7.47, 3-Gabriel Medina (BRA)=6.40
7.a: 1-Jackson Baker (AUS)=9.87, 2-Callum Robson (AUS)=9.37, 3-Jordy Smith (AFR)=9.16
8.a: 1-Miguel Pupo (BRA)=13.83, 2-Caio Ibelli (BRA)=8.90, 3-Jadson André (BRA)=7.50
PRÓXIMAS BATERIAS DO OI RIO PRO APRESENTADO POR CORONA:
SEGUNDA FASE – Derrota=17.o lugar com 1.330 pontos e US$ 12.125:
1.a: Griffin Colapinto (EUA) x Miguel Tudela (PER)
2.a: Caio Ibelli (BRA) x Jadson André (BRA)
3.a: Kanoa Igarashi (JPN) x Mateus Herdy (BRA)
4.a: Jordy Smith (AFR) x Nat Young (EUA)
5.a: Ethan Ewing (AUS) x João Chianca (BRA)
6.a: Kolohe Andino (EUA) x Samuel Pupo (BRA)
7.a: Callum Robson (AUS) x Gabriel Medina (BRA)
8.a: Matthew McGillivray (AFR) x Jake Marshall (EUA)
SEGUNDA FASE – Derrota=9.o lugar com 2.610 pontos e US$ 13.500:
1.a: Carissa Moore (HAV) x Sol Aguirre (PER)
2.a: Stephanie Gilmore (AUS) x Isabella Nichols (AUS)
3.a: Johanne Defay (FRA) x Courtney Conlogue (EUA)
4.a: Brisa Hennessy (CRI) x Lakey Peterson (EUA)